domingo, 23 de outubro de 2011

Epíteto (II)

Hoje quis escrever que eu estou feliz.

E o sentimento aflora sem proporção com a razão. Essa razão de um abraço do tamanho do conforto de um edredom numa manhã chuvosa. Choro. Rio. Me arrepio quando o mundo se reduz a um ao escutar o minimalismo de três palavras sussurradas no ouvido. Aquela voz que é suficiente pra mostrar até os sisos não nascidos num sorriso maior que o mundo.
Sinto como se tivesse entrado em um banho quente, no inverno ou tomado uma ducha fria, no verão. Reparei que só escrevo quando estou indiferente ou não no meu melhor estado de espírito, como um poço indireto onde não há água limpa porque já foi tudo impregnado por chuvas de tristeza e desesperança. Mas a manhã me acorda branca ou colorida do mesmo jeio: feliz.
Suspiro. Respiro sua respiração no travesseiro e não há ar que me preencha melhor os pulmões. O tempo-espaço mais valioso é teu abraço. Teu sorriso é camomila em chá. Minha preocupação é quando não o há, por culpa até minha somada a sua personalidade explosiva. Não falo. Você reclama. Me trata feito filha e grita. Me beija na testa e remonta o tempo-espaço perfeito em instantes.
Descrevo por mim. Porque é tudo. É, porque sinto. Não calculo, vai de cabeça. Não é exato. É maior que a distância, que a preguiça, que nós dois juntos e um elefante tocando violino. Talvez por ser um finito perdido em traços de compasso numa circunferência sem diâmetro. O espaço que me cabe e te cabe, só.

Hoje quis escrever que amar é impressionante.

3 comentários:

Obrigada por ter lido.