sábado, 15 de outubro de 2016

Eu tive um sonho de saudade quente

Não sei quem foi que disse que as coisas boas voam
Porque pra mim essas memórias parecem graxa na pele
Sabe? Que você esfrega, esfrega e só espalha mais e mais?
Sabe, você deixou a maior bagunça pra traz
Passei um tempo dormindo em cima dela
Tropeçando nela
Tinha vezes que eu até esquecia dela
Mas era só topar com o dedinho do pé em alguma memória guardada pra sentir tudo aquilo de novo
Doía muito
Doía dias
Doeu meses
Foram meses pra por tudo no lugar
Queria te mostrar como ficou
Você ia achar bonito
Só não ia se achar mais
Descobri contigo que a saudade queima
Que nem o fogo quando não se sabe medir a distância
Eu abraçava uma fogueira
E a falta de ar não era falta de você
Era meu pulmão cheio de cinzas
Foi quando quis queimar nossas memórias
Mas elas são coisa boa
Não sei quem foi que disse que as coisas boas voam
E voaram
Porque tudo que é bom é liberdade
E não merece engaiolar
Queria ter aberto essa porta antes
A chave tava no meu bolso
Eu só fingia que não

Lembrei daquela saudade que aquecia

sábado, 1 de outubro de 2016

Talvez eu sinta falta de você quando tudo dá errado
Talvez eu sinta falta de você correspondendo as minhas expectativas
Talvez eu sinta falta de estar apaixonada
Talvez eu sinta falta de estar completamente apaixonada por você
Talvez eu sinta falta de você quando eu to no ônibus e aquela música começa a tocar no meu ouvido
Talvez eu sinta falta de você quando isso acontece porque a única coisa que eu posso fazer nesse momento é sentir sua falta

Faz um tempo que eu já não penso em você
Faz um tempo que já não me dói mais
Faz um tempo que a gente se conheceu, né?

Ontem tive vontade de te ligar pra saber de você,
quem sabe agradecer
e dizer que podemos ser amigos.
Mas não daria certo,
a gente nasceu pra se apaixonar.

Talvez eu sinta falta da vida que a gente deu certo

sábado, 9 de julho de 2016

Eu dei pra você tudo que era meu
Eu dei pra você e conheci o nosso
sexo
músicas
colo

Eu dei pra você tudo que era seu
que era meu
que era nosso
dia
mês
sono

Eu dei pra você muito mais do que duas letras
Eu dei pra você planetas
madrugadas
risadas

Eu dei pra você histórias
Eu dei pra você meu choro
meu apego
meu sossego

Eu dei pra você meu cheiro
minha língua
meu corpo
inteiro

Eu dei pra você desejos
Eu dei pra você tudo
de mim
da gente
do mundo

Eu dei pra você minha vida
Eu dei pra você e conheci a nossa
única
própria
linda
sinfonia

Eu dei pra você o que eu podia
o que eu queria
o que eu fazia
e sentia

Eu dei pra você o gosto
E você me largou a gosto
No início do mês, se lembra?

Eu dei pra você o céu
porque eu me apaixonei pelo seu voô

Eu dei pra você as mãos
porque eu não consigo dar de ombros

Eu dei pra você, meu amor
Eu dei pra você meu amor

terça-feira, 7 de junho de 2016

Saí de galocha hoje porque eu to cansada de molhar meu pé. Os pares foram até decorados pela poeira do tempo que eu não as calçava... Já enfrentei muita tempestade descalça que no final só me trouxe um resfriado. De nada adianta proteger a cabeça e esquecer do que vem embaixo.

Não é que eu não goste da chuva, eu gosto. Tomar banho de chuva é uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Aproveitar a faxina da natureza encharcando meu cabelo e escorrendo por todo meu corpo.

Só que eu prefiro quando chove lá fora e não aqui dentro.

Eu sempre tive medo de tempestade e as trovoadas internas são muito mais assustadoras, ainda mais quando acompanha aquele frio de congelar até o tempo. Sinto falta daquela faísca que incendeia cada centímetro da minha existência nessas horas intermináveis. É por isso que eu prefiro quando chove lá fora e não essa chuva que escorre quente pelas minhas bochechas.

Já enfrentei muita tempestade desnecessária. A gente adoece pelos outros tantas e tantas vezes. Muitas vezes perde até o sentido, os sentidos falham e se deixam levar pela enchente. A gente se afoga pelos outros tantas e tantas vezes, cultivando valor pelo que não vale a pena, a perna, o esforço. O coração passa de mão e mão e se esquece de quem verdadeiramente pertence.

É por isso que não adianta proteger a cabeça e esquecer do que vem embaixo.

Saí de galocha hoje porque não vale a pena.